Você precisa de um mentor?
Entre as competências de um Agile Coach está a mentoria e durante a minha carreira eu ouvi muito dos meus líderes e gestores que ter um mentor seria chave para meu crescimento de carreira, cheguei até a escutar que todos deveriam sempre ter um mentor.
Ao mesmo tempo que a mentoria era muito recomendada, eu sempre tive muita dúvida ao redor desse tema, como por exemplo, para que serve um mentor? Como escolher meu mentor? Como funciona uma mentoria? E até mesmo eu me perguntava, mesmo sendo tão fortemente recomendado, por que eu preciso mesmo de um mentor?
Essas respostas pareciam tão obvias que eu me sentia constrangido de perguntá-las e para respondê-las eu busquei por um mentor!
Eu tive poucos mentores durante minha carreira e cada um deles tiveram abordagens diferentes, o que deixou ainda mais difícil eu entender como uma mentoria funciona. A maioria dessas mentorias diretas que eu tive foram pouco estruturadas e menos efetivas. As mentorias que estavam mais estruturadas foram bem mais efetivas.
De qualquer forma, assim como eu tive essas dúvidas você também pode tê-las, então vamos explorar o tema mentoria, principalmente compartilhando com você como foi minha experiência participando de mentoria e também como eu me porto quando assumo o papel de mentor dentro da minha carreira como Agile Coach.
Mentoria, coaching e cursos
Para começar a explorar a mentoria, precisamos entender qual sua diferença entre mentoria, coaching e cursos ou treinamentos formais.
A mentoria (ou mentoring)é um processo estruturado em que um mentor, profissional com conhecimento teórico e experiência prática em um determinado assunto, transmite seu conhecimento e experiência para um mentorado (ou mentee).
Ao ver a definição de mentoria já fica clara a diferença entre ela e o coaching. Em uma mentoria, o mentor deve ter conhecimento e experiência no assunto e seu objetivo é passar esse conhecimento e experiência para o mentorado.
Em um processo de coaching o profissional coach não precisa ter conhecimento formal nem experiência prática no assunto abordado, o coach precisa ter sim experiência e conhecimento na metodologia coaching e não no assunto abordado.
A diferença entre coaching e mentoria é clara desde o momento de sua definição, mas a diferença entre mentoria e um curso ou treinamento formal fica menos evidente, uma vez que o professor tem conhecimento e experiência do assunto e o objetivo de um curso/treinamento é igualmente transferir esse conhecimento e experiência para o aluno.
A principal diferença entre mentoria e um curso está na agenda. Diferente de um curso ou que tem uma agenda pré-determinada e o professor deve cumprir essa agenda com seu aluno ou turma, em um processo de mentoria, a agenda deve ser do mentorado e não do programa.
Um curso tem um objetivo pré-determinado e sua agenda é baseada nesse objetivo que já é definido e em um contexto de mentoria, o objetivo surge do mentorado e dessa forma a agenda do processo de mentoria deve ser visando o objetivo do mentorado e não o objetivo de um programa como no contexto de curso.
Além disso, podemos ressaltar que um professor necessita ter conhecimentos teóricos do assunto e também conhecimentos de didática e facilitação focando mais no conteúdo teórico a ser abordado e utilizar de sua experiência prévia como um facilitador de aprendizagem. Já um mentor, vai utilizar muito mais da sua experiência prévia para acelerar os resultados do seu mentorando.
Como escolher um mentor?
Entendendo o processo de mentoria e também suas diferenças com outros métodos fica fácil de entender seu objetivo, que é a passagem de experiência e conhecimento do mentor visando o objetivo do mentorado.
Mas uma pergunta ainda fica no ar: Como eu escolho um mentor? Primeiro você precisa buscar por alguém que tenha conhecimentos no tema, se você escolhe um mentor que é muito bom em várias coisas mas carece de conhecimento ou experiências naquilo que você busca, perdemos uma das premissas do processo.
Eu, por exemplo, posso ser um ótimo mentor de temas de agilidade, um mentor para um Scrum Master, um mentor para um Product Owner, para líderes de times ágeis, para outros Agile Coaches ou qualquer pessoa que tenha como objetivo algo relacionado a agilidade. Como tenho formação acadêmica em Ciência da Computação e tive experiência na área, até mesmo mentorias técnicas podem se justificar.
Além do conhecimento, é de extrema importância que esse mentor tenha experiência com mentoria, com estruturação de processos de mentoria e esse é um ponto que eu aprendi na prática.
Meus mentores que já tinha sido mentores no passado, me trouxeram processos muito mais ricos do que mentores com pouca experiência em mentoria.
Um bom processo de mentoria
Sabendo quando buscar uma mentoria e qual mentor escolher, precisamos saber agora como identificar bons processos de mentoria, afinal de contas ter uma estrutura faz toda a diferença!
Quando eu estruturo uma mentoria eu sempre levo em consideração meu mentorado, afinal de contas se o meu mentorado não está satisfeito, não se justifica o investimento de tempo, ou até mesmo de dinheiro.
Se você está em um processo de mentoria onde não houve um objetivo bem definido para o processo desde o início, e o mentor não está coletando o progresso do seu mentorado, eu tomaria cuidado. Uma mentoria sem objetivo que surge do mentorado tende a ser mais uma aula particular do que de fato uma mentoria.
Outro ponto de alerta é quando você não vê na estrutura uma preocupação com o progresso do mentorado, quando a agenda é mais do mentor do que do mentorado, tendemos a ter um processo sem fim e que tenha pouco valor agregado.
Saber o momento certo para iniciar uma mentoria e escolher o mentor correto que tenha além de conhecimento no assunto, uma estrutura voltada para o mentorado é muito importante e de fato pode ser um fator chave para o seu desenvolvimento de carreira.