Crenças Limitantes, entenda os limites de atuação

Durante a formação como Coach vemos em todas as etapas do processo o assunto crenças limitantes. Pelo menos na formação que eu fiz, desde os treinamentos iniciais como Professional Coaching e Leader Coach, até as formações mais avançadas como Master Coach, estudamos esse conceito e abordagens a ele.

Esse assunto é muito bem explorado nesses treinamentos devido sua importância, relevância principalmente responsabilidade que nós coaches devemos ter ao tratar de crenças em processos de coaching!

Durante as aulas sobre crenças limitantes era evidente a empolgação dos alunos, o assunto é interessante e com grande potencial, se tornando muitas vezes o tema preferido de alguns coaches, porém mesmo com toda essa empolgação, é muito fácil vermos pelas redes sociais, coaches abordando esse assunto de forma irresponsável.

O que são crenças limitantes

Crenças são opiniões aceitas como reais ou verdadeiras, poderia resumir a crença como uma verdade individual, como exemplo poderia citar “o dinheiro é sujo”, “pessoas ricas não são humildes”, “eu nunca vou entender matemática”, “eu sou assim por culpa do meu signo”, “vegetarianos são mais saudáveis”, todos esses exemplos representam opiniões que são aceitas como verdade para essa pessoa e se torna automático.

Podemos adquirir crenças de diversas formas, como por exemplo

• Crenças herdadas: essas crenças de nossos pais ou tutores, geralmente essas crenças herdadas são muito pautadas nos valores que os pais ou tutores tem, como por exemplo “família vem acima de tudo”, “não responda os mais velhos, eles têm mais experiência de vida”;
• Crenças adotadas: quando sua própria vivência e valores geram essas verdades individuais;
• Crenças por experiência: quando repetidamente algo acontece e dada essa experiência repetida, a pessoa toma essa experiência como verdade, por exemplo, se uma pessoa vai ao médico e por duas ou três vezes quando ela é atendida por médicos mais velhos ela se recuperar rápido, quando ela foi atendida por médicos mais novos, o tratamento não funciona tão bem, assim uma crença por experiência pode ser gerada como “somente médicos mais velhos são bons”;

Um ponto muito importante a se comentar neste assunto é que essa definição de crença não é, necessariamente, a mesma definição que a psicologia pode dar para o assunto!

Reparem que todos esses exemplos de crenças dadas até o momento podem ser positivas ou negativas dependendo da situação em que estamos.

Em um processo de coach, atuamos pautados em objetivos, de forma que dentro desse processo, podemos ter crenças fortalecedoras quando essa verdade individual ajuda o coachee (pessoa que está passando pelo processo de coaching) a alcançar seu objetivo; ou limitante quando a crença está impedindo o coachee a alcançar seu objetivo.

Eu destaquei a palavra “impedindo” porque muitos coaches interpretam que qualquer crença que não apoia o coachee a alcançar seu objetivo como uma crença limitante. Dentro do processo de coach só lidamos com crenças quando elas impedem o coachee a alcançar seus objetivos.

Por exemplo, podemos pensar que um coachee tem como objetivo acumular um milhão de reais em até 5 anos, ao mesmo tempo ele foi ensinado e criado sob a crença de que “pessoas ricas não são humildes” e humildade é algo muito importante para essa pessoa. Se essa crença está impedindo o coachee a perseguir seu objetivo nós como coaches devemos apresentar duas opções:

• Ajustar o objetivo para que seu sistema de crenças não seja afetado ou;
• Trabalhar essa crença para que o coachee consiga perseguir seu objetivo;

O limite de atuação do coach

Agora que vocês conhecem o conceito de crenças que usamos em um processo de coaching, novamente é importante deixar claro que esse conceito pode não ser o mesmo que psicólogos, psiquiatras ou profissionais da saúde mental utilizam em suas terapias, afinal de contas o coach não é um terapeuta, muito menos um profissional da saúde mental!

Não é porque o conceito de crenças também é abordado por profissionais da saúde mental que o coache se encaixa nesse grupo!

Existe um limite de atuação muito bem claro e definido para o coach com relação à crenças.

Dentro do Código de Ética da International Association of Coaching (IAC) item 1.04 (b) diz que “Os/as coaches prestarão serviços apenas dentro dos limites da sua competência, com base em sua educação, formação, ou apropriada experiência profissional. Os/as coaches só devem aceitar o trabalho que eles/elas acreditam que sejam competentes para realizar“.

Uma formação em coaching não prepara o profissional para lidar com questões de saúde mental, inclusive quando um coach atua nesse aspecto ele está cometendo o crime de exercício ilegal da profissão de psicologia ou psiquiatria.

Dentro do assunto de crenças, elas podem gerar traumas ou respostas emocionais intensas nas pessoas, sendo que nós coaches não temos competências ou habilidades para lidar com esses assuntos que são de especialidade dos profissionais da saúde mental. Caso o coach perceba que existe uma crença limitante no processo de coaching e que essa crença é possivelmente gerada por um trauma, gerou um trauma ou que pode desencadear um processo emocional muito intenso, o coach tem como responsabilidade e ética, interromper o processo de coaching!

Crenças relacionadas a problemas de saúde mental não devem sem trabalhadas por coaches ou em processos de coaching, esse é o nosso limite de atuação!

É muito importante entender esse conceito para que você, possível cliente de um coach, identifique a ética e responsabilidade do profissional que está contratando. Caso você veja, em redes sociais, coaches tratando de crenças com uma perspectiva de saúde mental como por exemplo, processos de coaching para traumas, doenças mentais ou outros, fique alerta, pois nenhum curso de coaching habilita seus profissionais a atuar nessas áreas.

A única exceção seria para profissionais de psicologia, por exemplo, que também são coaches, nesses casos, esses profissionais têm competências e habilidades para falar e trabalhar nesses assuntos.

Esse artigo não é nem de longe completo sobre o tema de crenças dentro dos processos de coaching, de qualquer forma eu espero que ele ajude você a reconhecer profissionais com ética e responsabilidade no mercado, uma vez que a profissão de coaching ainda não é regulamentada no Brasil.