Como lidar com 3 disfunções de equipes
Nem toda equipe é perfeita, na verdade não existe equipe perfeita! Sempre que buscamos pela perfeição de algo ou nos desmotivamos por nunca chegar lá ou desistimos no meio do caminho por ele ser muito penoso.
A pergunta não é “como ter uma equipe perfeita”, a pergunta tem que ser “o que fazer quando tiver um problema?”
Problemas vão existir, queira você ou não e ao invés de perseguir uma utópica perfeição é melhor gastar tempo e esforço se preparando para quando os problemas acontecerem.
Faz parte da formação de todos os times os conflitos e o Modelo de Tuckman descreveu muito bem isso. Todo time em formação passa por um período que ele comentou de Storming, que é o momento da formação de times onde os conflitos mais aparecem, é nesse momento que as disfunções de um time ficam mais evidentes.
Não só na fase de Storming, mas durante todo o período de existência de uma equipe que o líder deve ficar atento em identificar e ter estratégias para lidar com possíveis disfunções que podem ocorrer na equipe.
No livro 5 Dysfunctions of a Team, do autor Patrick Lencioni, ele descreve 5 disfunções comuns em times, eu listei aqui para vocês as 3 disfunções que eu mais vivencio em times ágeis.
1. Medo do Conflito
Você já deve ter participado daquela reunião cujo facilitador pergunta, “como estão as coisas?”, e a resposta é “está tudo bem”. Então temos a pergunta “o que vocês precisam de ajuda?”, e a resposta costuma ser “nada!”.
Parece que o time está ótimo, tudo fluindo como deveria e assim os líderes e facilitadores ficam felizes… cuidado!
Quando tudo está muito bem, algo está muito errado!
Esse medo de gerar conflito é uma disfunção muito comum principalmente em times iniciantes, onde as pessoas não se conhecem ou até mesmo em times que acabaram de sair de uma fase de conflitos recentemente. O receio de iniciar uma nova discussão ou até mesmo de ser o “portador do apocalipse” gera um clima de medo ao redor do time.
Pode ser que de fato, naquele momento, o time está com tudo sobre controle e o alerta não é esse, o alerta é o tipo de resposta que recebemos.
Uma resposta do tipo “está tudo bem, não precisamos de nada” esconde desafios que a equipe está passando.
Mesmo que as coisas estão sob controle, uma resposta do tipo “estamos com dificuldades em uma coisa ou outra, mas até o momento estamos sabendo lidar” demonstra muito mais transparência e confiança.
2. Falta de comprometimento
Essa disfunção de times é muito comum de acontecer quando temos pessoas divididas entre projetos. É natural quando temos mais de uma responsabilidade nos esconder atrás da que mais nos agrada.
Se você lidera times de voluntários dentro da empresa provavelmente você já se deparou com essa disfunção.
“Não tive tempo de fazer isso porque o projeto X está me tomando muito tempo” ou então “surgiu uma outra prioridade e eu tive que deixar essa para depois” são discursos que, se ocorrem com frequência, sinalizam a falta de comprometimento do profissional.
Antes de tudo, precisamos ter certeza do que está acontecendo.
Pode ser que ele está em dois ou mais projetos de grande importância e competem com seu tempo. Neste caso não é falta de comprometimento mas sim superlotação, mas devemos ficar atentos.
Tudo é uma questão de recompensa. Quando vemos valor no que fazemos, acabamos dando prioridade a isso. Desta forma, se o seu time está descomprometido, provavelmente eles não estão vendo tanto valor no trabalho a ser entregue.
3. Fuga de responsabilidade
Nesta disfunção costumamos ver um “empurrar” de responsabilidades ou um discurso parecido com “eu fiz minha parte mas…”.
Essa fuga de responsabilidades pode ocorrer pelos mais diversos motivos e a melhor coisa a se fazer é entender o receio que a equipe tem em assumir a responsabilidade, será um histórico de represália? Será que existe algum tipo de competição não sadia entre os times?
Essa é uma disfunção importante de se atentar, uma vez que é comum se ensinar que o Scrum Master, em times Scrum, tem como função proteger o time. Esse conceito geralmente se expande para todo líder de time ágil e é explicado de forma errada.
A ideia de proteger o time é reduzir ao máximo interferências externas, desnecessárias para que o time possa ter foco na entrega de valor e não tomar partido da equipe com relação a sua fuga de responsabilidades.
O líder deve estabelecer um ambiente de confiança e abertura para que o time tenha liberdade de assumir seus erros e aprender com eles.
Estas são apenas três, das cinco disfunções apresentadas no livro 5 Dysfunctions of a Team do autor Patrick Lencioni.
Se você quiser entender melhor o papel da liderança em times ágeis, inclusive com estratégias para lidar com cada uma das disfunções, eu abordo esse assunto no curso Squad: Gestão de Times Inovadores.
Até o próximo artigo!